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PASOLINI, NO DIA DOS MORTOS

Pier Paolo Pasolini

Pier Paolo Pasolini

Impossível esquecer o dia da morte de Pier Paolo Pasolini: 2 de novembro de 1975. Ele foi assassinado no Dia dos Mortos. Uma homenagem a Pasolini poderia resumir-se à citação de uma única frase do autor, que faz mais sentido que mil artigos das mídias de consumo, de direita e de esquerda: “Não acredito que tenhamos mais qualquer forma de sociedade na qual os homens sejam livres. Não se deve esperar por isso. Não se deve ter esperança de nada. Esperança é algo inventado pelos políticos para manter o eleitorado feliz”.

O documentário holandês Wie de Waarheid Zegt Moet Dood / Whoever Says the Truth Shall Die (1981), de Philo Bregstein, registrou a vida e a morte desse escritor e cineasta livre como poucos homens o foram, com algumas imagens chocantes de seu corpo mutilado, como se esse devesse ser o preço a pagar pela liberdade no conglomerado, onde a industrialização total gera novas classes médias consumistas, violentas, anarquistas, totalmente desprovidas de cultura, como no país de Lula-Dilma, campeão mundial de assassinatos de homossexuais e tão vibrante de vandalismos. O filme nunca foi lançado no Brasil.

Os escritos de Pasolini, divididos em poemas, ensaios, crônicas, romances e peças, assim como os filmes de Pasolini, que também podem ser divididos em filmes-poemas, como La Rabbia; filmes-ensaios como La forma della città; filmes-crônicas como Appunti per un’Orestiade Africana; filmes-romances, como Teorema; e filmes-peças como Pocilga, nunca perderam o frescor de sua novidade, permanecendo atuais, gerando a cada ano novas teses e livros, novas biografias e documentários.

Apenas neste ano, Pasolini foi revisto numa dezena de obras, entre as quais: L’Apocalisse secondo Pier Paolo Pasolini (2013), de  P. Pedote; Pasolini profeta (2013), de Felicia Buonomo; Dimenticare Pasolini. Intellettuali e impegno nell’Italia contemporanea (2013), de Pierpaolo Antonello; L’ultima partita di Pasolini. Trapani, 4 maggio 1975 (2013), de Salvatore Mugno; Fratello selvaggio: Pier Paolo Pasolini tra gioventù e nuova gioventù (2013), de G. M. Annovi; La lingua scritta della realtà. Studi sull’estetica di Pier Paolo Pasolini (2013), de Luca D’Ascia… Impossível ler tudo.

Enrico Menduni apresentou no último Festival de Veneza um novo documentário sobre Pasolini: Profezia: L’Africa di Pasolini (Profecia: a África de Pasolini, Itália / Marrocos, 2013), de Gianni Borgna. O filme aborda a busca de Pasolini de uma África que prolongava seu sonho perdido de uma vida camponesa revolucionária em sua Friuli natal e nas borgate romanas. Seu amor por uma cultura ainda próxima do mito, registrado em La Rabbia (1963), Edipo Re (1967), Appunti per un’Orestiade Africana (1969), surge como o fundo notálgico de seu desencanto com o mundo civilizado, documentado também em reportagens da época encontradas nos arquivos do Instituto Luce e da Rai, incluindo um diálogo entre Pasolini e Jean-Paul Sartre, em Paris, sobre Il Vangelo secondo Matteo (1964).

Franco Citti e Enrico Berlinguer nos funerais de Pier Paolo Pasolini.

Franco Citti e Enrico Berlinguer nos funerais de Pier Paolo Pasolini.

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